terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A coruja e a águia




A coruja e a águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.
- Basta de guerra - disse a coruja. O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.
- Perfeitamente - respondeu a águia. - Também eu não quero outra coisa.
- Nesse caso combinemos isto: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
- Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?
- Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.
- Está feito! - concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
- Horríveis bichos! - disse ela. Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi justar contas com a rainha das aves.
- Quê? - disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...


Monteiro Lobato

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A boneca



Deixando a bola e a peteca
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.

Dizia a primeira: "É minha!"
"É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.

Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.

Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.

E, ao fim de tanta fadiga,
voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...


Olavo Bilac


domingo, 9 de setembro de 2012

Pirilampos





Quando a noite

vem baixando,

nas várzeas ao lusco-fusco

e na penumbra das moitas

e na sombra erma dos campos,

piscam piscam pirilampos.

São pirilampos ariscos

que acendem pisca-piscando

as suas verdes lanternas,

ou são claros olhos verdes

de menininhos travessos,

verdes olhos semitontos,

semitontos mas acesos

que estão lutando com o sono?


Henriqueta Lisboa

O nariz do pirilampo





Crianças eu vou contar...
Vocês não sabem o que eu vi,
vi um pirilampo apagado,
chorando descontrolado
escondido lá no mato,
não sabia pra que lado
pudesse fugir folgado
do bico do bem-te-vi.

Não o pisei, foi por um triz.

Já estava anoitecendo,
risco, ele não mais corria
ao menos na escuridão,
pois bicho algum o veria.
Coisa que ele não queria,
era virar lanche ou petisco
de passarinho comilão.

Então, a procurar se pois,
a luz da sua lanterninha,
perdida depois do baile.
Na festa de casamento
dos amigos formiguinhas.

Até quis voltar pra casa
na madrugada festiva,
mas como ia alumiar
sem a traseira acesinha.
Só quem enxerga de noite
é a sua amiga corujinha.

Não se via patavina
Há um palmo do nariz
Afinal quem é que sabe!
[pirilampo tem nariz?]


José Silveira


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Na savana africana



Fomos ver as focas

O urso, o camelo

Mais o crocodilo

E a cobra capelo.



A girafa é muda,

O tigre arrogante,

O meu preferido

É o elefante!



O macaco tonto

É um bom farsante

Gosto muito mais

Do gordo elefante!



Com medo do leão,

Pasmei adiante.

O Rei do Jardim

É o elefante!

( Desconheço o autor)

O ratinho musical




Meu quarto é um violino,
a minha rua um piano
junto ao largo do tambor
é que eu moro todo o ano.

Minha escada é uma harpa,
nos pratos da bateria
vou sempre matar a fome,
seja noite ou seja dia.

Para andar de carrossel
eu ponho um disco a girar.
Bato-lhe com a batuta
se um gato me vem caçar.

Para namorar as ratinhas
canto lindos madrigais
e em vez de notas de banco
uso notas musicais.

Luísa Ducla Soares

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O elefante









Um elefante

Tem que ter atenção

É um bicho gigante

Não cabe na televisão

Se esticam sua pele

Parece um balão 

Deitado no papel

É um grande borrão   

E se você julga

Que parece mal

Falar assim deste animal

Pode pôr uma pulga

Como ponto final.



( Desconheço o autor)